Seja por curiosidade ou para se preparar para uma futura viagem por essa terra cheia de histórias, culturas antigas e costumes interessantes, você vai ver porque algumas “bizarrices” me deixaram incomodado. Bizarrice está em aspas porque isso está no olhos de quem vê. Nesse caso, os meus olhos brasileiros. Para os etíopes, nós que seríamos os bizarros, para deixar claro.
Pelo couchsurfing (mais uma vez graças à essa comunidade), fomos convidados a ficar na casa de um diplomata nigeriano da União Africana. O conforto extra e inesperado nos nossos primeiros dias na Etiópia com direito à cozinheira e motoristas privados, foi ainda mais marcante com um convite para o casamento do amigo do nosso anfitrião. As festividades da cerimônia fundiram com uma noitada em boate de reggae rastafariana e durante esses três dias de festa pudemos aprender várias detalhes da cultura, da comida e dos costumes dos etíopes, que nos ajudou a não olhar tão torto para outras coisas que veríamos nas últimas semanas. Entre elas:
1. Colocar comida na boca dos outros com a sua mão é um costume bem tradicional.
Gursha como é chamado, é sinal de amizade e afeição. A primeira vez que colocaram na minha boca eu achei muito estranho e só não recusei porque a injera já estava na minha boca e só me restou abri-la. No caso do Rafael, ele pegou com a mão a tempo para depois descobrir que isso é uma grande ofensa. Recusar a comida pode ser ainda pior.
2. A injera está para a Etiópia assim como o arroz está para o Brasil.
Injera é uma massa acinzentada com aparência de espuma envelhecida. Apesar da aparência pouco apetitosa, seu gosto é… bem digamos que não tem gosto de borracha (mas é um pouco azedo). Ela acompanha a maioria dos pratos etíopes, praticamente substituindo o uso de talhares e pratos.
3. Os casamentos podem ser marcados para as 5 da manhã.
Cedo demais né? Na verdade nem tanto. Isso é apenas uma das confusões que eu tive com a forma como eles contam o tempo. Na Etiópia, o dia começa com o nascer do sol. Uma hora após o nascer do sol é uma hora da manhã e assim por diante, até o por do sol aproximadamente às 12 horas.
4. Suporte ao cotovelo.
O cumprimento é sempre feito com a mão direita sendo que a mão esquerda (usada para limpeza pessoal, como na maioria dos países islâmicos) toca o cotovelo direito ou se esconde atrás das costas, como sinal de respeito.
5. As refeições são sempre compartilhadas.
E o normal é todos comerem do mesmo prato sem usar talheres (apenas a mão direita é usada, pelo mesmo motivo acima). Comer do seu prato sem dividir é considerado egoísmo e visto com grande estranhamento por parte dos etíopes.
6. A Etiópia tem 13 meses.
Doze de 30 dias e um de 5 ou 6 dias. Baseado num antigo calendário egípcio (cóptico) aqui na Etiópia ainda estamos em 2007, já que o calendário deles está 7 anos e meio atrás do nosso calendário gregoriano.
7. Você se sente como um famoso em alguns lugares do interior.
As vezes uma multidão juntava apenas para ficar com os olhos arregalados olhando para você. Na primeira foto, o William parou para comprar uma meia e na segunda o Rafael decidiu jogar totó; a galera que ajunta parecia faltar só pedir autógrafo.
8. Deixe um pouco de comida no prato.
Para ser educado e não dar indícios de que você está morrendo de fome.
9. Os etíopes parecem não gostar de janela aberta e ar fresco.
Dentro dos ônibus e vans hiperlotados, o calor devido á altitude não chegava a ser infernal, mas nos deixava todos suados e a fragrância que exalávamos não era das mais apreciáveis, ninguém no entanto abria as janelas e quando eu tentava, olhavam zangados ou mandavam fechar… vai entender!
10. Muitos etíopes não gostam de ser fotografados.
Eu aprendi a pedir permissão depois que eu vi umas caras bem zangadas em direção à minha lente. Uma mulher chegou a dar um tapa no meu braço, até que eu aprendi ter mais respeito e entender que em muitas culturas africanas acredita-se que a fotografia possa ser capaz de “roubar” a alma da pessoa.
11. A comida vai te fazer chorar.
Se você como eu não gosta de comida apimentada, você não vai curtir muito a comida etíope já que a maioria vem sempre carregada de berbere, um pó vermelho que vai te fazer até chorar. Para não passar muito aperto aprenda a dizer: “Iale berbere”, sem pimenta em amárico. Boa sorte para o que vier!
12. Aqui se dança com os ombros.
Nem a cintura, nem as pernas se movem quando se dança a iskista, uma famosa e típica dança etíope.
13. Praga dos gafanhotos.
No trajeto de ônibus de Bahir Dar até Addis Ababa, vimos milhares de gafanhotos nas plantações e nos céus por vários quilômetros. Tinha hora que dava para confundir os gafanhotos com nuvens escuras no céu. Essa foto que tirei não é a ideal, mas dá para se ter uma ideia.
14. Jesus já voltou na Etiópia.
Muitos acreditam que o Heile Selassie, imperador na Etiópia de 1930 a 1974, é o herdeiro de uma dinastia cujas origens remontam por tradição ao Rei Salomão e à Rainha de Sabá (da Bíblia) além de ser reverenciado como o messias retornado prometido pela Bíblia. Seu nome de batismo? Tafari. Majestade Tafari, ou em amárico, Ras Tafari. Isso mesmo, dele surgiu o movimento religioso Rastafari tão bem difundido por Bob Marley.
15. Os casaizinhos de homens estão por toda parte!
O viajante desavisado que vê tantos homens de mãos dadas vai achar que esse país é bem liberal, mas não se engane, homossexuais nesse pais são considerados criminosos. Mas dar as mãos enquanto caminham é uma cena bem comum entre amigos por aqui. Deve estar na mesma categoria de carinho de quando chamamos nossos amigos no Brasil de “véi”.
16. Aqui se come carne de boi crua!
Tere sega, como é conhecida, é quase considerada comida de luxo, servida em casamentos, ocasiões especiais ou restaurantes especializados (em que a carne é exposta como em um açougue, onde as moscas fazem a festa).
Steak Tartare é carne crua e com ovo cru ainda por cima. Sem nojinhos lindo!
Agora sou vegetariano Guhs, então não tenho mais a questão do ” nojo” 😉
Fantástico Gustavo. Fiquei deliciada com a partilha. Estive há uma semana no Vietname e ainda estou a digerir a experiência… As viagens mudam a alma. Continua no sonho… Um beijinho.
E como né Carlota?! Aproveite… Bjos
Super interesting. The world sometimes seems so small and sometimes so big with such enormous cultural differences.
povinho nojento!!!!!!!
Tá certo que odeio o povao do Brasil… mas somos americanos perto desses selvagens!!!!!!
Deus me livre eu ir toda linda maravilhosa pro meio dessa ralé… iriam me confundir com a Britney Spears ou alguma global daquelas bem boazudas e me sequestrariam e usarariam como escrava!!!!!!!!
Não que selvagem seja algo ruim…mas pelo seu comentário ,eles são mais civilizados que você.
agora que reparei,as culturas do Brasil são completamente mortas se comparadas ás da Etiópia.Lá eles tem uma cultura que aos nossos olhos pode ser estranha.porém eu gostei muito da cultura de lá.e…não gostei do comentário da jucy.eu á respeito por deixar sua opinião,mas ela deveria ter um minímo de respeito,pela cultura de lá.
Nicole, não acho que a “cultura” do Brasil esteja morta. É apenas diferente. Talvez de a impressão que nossa cultura esteja morta devido à diferença, mas a nossa própria é forte suficiente para ser considerada também “bizarra” aos olhos de outros povos!
Jucy,
Que tristeza ler o seu comentário. Tenho certeza que esses “selvagens” teriam muito que te ensinar.
selvagens nossa que ridiculo ler esse seu comentario aposto que eles sao mais educados que voce e outra ne pelo menos eles tem respeito com os outros sabe…diz que odeia o brasil mais pelo que voce falou voce mora aqui no brasil ne..com esse seu pensamento voce nunca vai pra frente
Você deve ser aquelas pessoas nojenta e desprezível. Que nojo de vc
Falou a européia.
Oq significa ” ser americano”? Que desnecessário você existir, tenho certeza que você com certeza nunca deve ter saído do seu bairro!
Isn’t it that true Donna?!
Adoooooooooorei esse post! Quem diria que teria tanta coisa diferente na Etiópia! E ainda tem muita coisa pra desvendar por ai 😀
Oi Andressa! Que bom que gostou! 🙂 Sim tem muita coisa para se explorar nesse país e eu ainda tenho muita coisa para escrever sobe minha experiência lá! 😛
Gustavo, o site continua demais!! Parabéns!
Adorei as bizarrices da Etiópia! rs Já li sobre a decepção em Bali também. Agora estou criando coragem para ver você comendo grilos! rsrs
Ei Liana! Que bom te ver aqui de volta! É só um grilinho fritinho, nada de mais… rsrs
Beijos!
Show!
Deu saudades da Etiópia! Louco para saber teu roteiro completo!
Abraço e boa viagem!
Olá Guilherme! Cheguei em Addis, depois fui de ônibus para Deci, Lalibela, voo para Gondar, ônibus para Bahir Dar, de volta para Addis e depois de jipe para algumas tribos do sul!
Um abraço!
Ainda quero visitar a África, e a Etiópia está na minha lista! 😉
Parabéns pelo post Gustavo!
Olá Thiago! Etiópia é uma das melhores introduções à Africa, pode ter certeza! Seja bem vindo ao blog e valeu pelo comentário!
Obrigado,
Abraços!
Adorei o post Gustavo!! Queria muito fazer um mochilão pela África e queria passar pela Etiópia!!
bjos e ótimas viagens!!
Ei Lilia! Vc vai voltar com histórias e aventuras inesquecíveis, tenha certeza! Obrigado pelo comentário!
Um beijo!
Caramba Gusti, você é o cara!!!! Quero ver se daqui a quase dois anos, quando eu imagino estar passando pela região, terei coragem de comer essa carne crua. Outra foi a do ônibus, não poder abrir a janela é sacanagem!!! Será que se soltar um peido daqueles liberam abrir a janela?? Algum momento se sentiu inseguro ou em perigo?
Abração
Adair, vou te falar uma coisa, peido ali dentro não faz nem “cosquinha”, se é que você me entende…hehe Me senti seguro lá, mais do que muitos lugares do Brasi. Era apenas um pouco desconfortável ser o centro de atenção de tanta gente…
Um abraço!
Concordo com a Luciana.Acho que também passaria fome mestes lugares. Sua experiência é cada vez mais mais fantástica!!!!bjoss
Passar fome faz parte da experiência para poder voltar pro Brasil e valorizar ainda mais a comida da mãe! 😉 Bjos
Os Berberes eram um povo (tribo dos Berbere) que nos levaram na excursão ao deserto do Saara a partir de Marraquexe. Mas lá eu podia comer de td tranquilamente pq eles seguem as mesmas leis bíblicas da saúde que eu. Inclusive eu tinha opção vegetariana no meio do deserto! (Bom, nem tão meio assim, rs). Já na Etiópia, por mais que isso pareça uma piadinha de mau gosto (não é!), parece que eu seria uma das pessoas a passar fome.
Curioso Lu, será que o nome tem alguma relação? Na Etiópia (cristão ortodoxos) eles são vegetarianos duas vezes por semana, mas ainda assim da para passar aperto com a pimenta! Valeu pelo comentário! Bjos! 🙂
Quanto tempo, hein Gusti! Mas que mundo é esse que a gente vive, hein? E as vezes a gente pensa que a gente sabe muita coisa quando na verdade não sabemos nada dele… quinem essas coisas ai da Etiópia, e tenho certeza que a sua lista poderia ser bem maior mas você teve que resumir e colocar o “mais marcante”! Acho que todo lugar do mundo tem coisas diferentes que a gente que não está acostumado acharia bizarro. Por exemplo, la na Coreia do Sul, se lava cabelo na pia, cruzar os braços significa que você está com raiva ou desaprova alguém, fazer aquele sinal com a mão pra chamar alguém com a palma da mão virada pra cima é uma ofensa (é assim que eles chamam animais), pra chamar pessoas você faz o sinal com a mão virada pra baixo (como se você estivesse agarrando o ar…). Outras coisas, para mulheres, mostrar as pernas não tem problema, pode usar shorts microscópicos a vontade, mas decote nem pensar, até mostrar o ombro já é provocante. Entre o mesmo sexo, seja homens ou mulheres, não tem problema amigos se abraçarem, andarem juntos ou ficarem se encostando, mas entre sexos opostos até pegar na mão é muito! Essas são só algumas coisas que a Patty vem me contando de lá. No mais, é isso aí!
Aquele abraço!
Fala Lucas!
Beleza? Pois é internet na Etiópia tava complicado, rs Daqui a pouco vou atualizar essa lista pq eu estou lembrando de mais coisas… Bom saber, quando eu for para a Coreia do Sul estarei preparado! Valeu.
Um abraço!