Além de que um avião com 239 pessoas desapareceu após decolar da Malásia, o que mais você sabe sobre esse país? O que tem me impressionado é a variedade de culturas e religiões, mas estar presente nesse país durante esses dias tensos me fez ver que na verdade (nós seres humanos) não somos tão diferentes assim.
Na sexta-feira pela noite quando já era sábado pela manhã aqui na Malásia, você deve ter visto na TV ou na internet ou por um amigo, que um avião da Malásia Air estava desaparecido por algumas horas. Eu mal acordava no sábado quando alguns amigos e familiares sabendo que eu estava aqui, me mandaram mensagem perguntando se eu estava bem. Devido ao fuso, vocês aí no Brasil ficaram sabendo da notícia provavelmente primeiro que a gente na Malásia.
Confesso que eu não sabia quase nada sobre esse país além de ter as torres gêmeas mais altas do mundo e de que eles hospedam uma corrida de Fórmula 1. Essa minha ignorância cultural sempre me deixa incomodado quando eu chego em um país fascinante e não sei nada sobre ele. Ainda assim, eu sempre me esquivo da culpa de não pesquisar sobre o país antes de conhecê-lo e fico na minha cabeça tentando culpar nossas (falta de boas) escolas e a mídia. Mas afinal de contas, a culpa é a nossa mesmo porque a TV só vende o que estamos comprando e quem é que quer saber sobre uma terra tão distante como a Malásia?
Sua capital, Kuala Lumpur, onde chegamos de trem, famosa pelas Petronas Towers, um dos maiores edifícios do mundo, ilustra bem a variedade étnica do país: É um caldeirão de culturas, religião, história e arquitetura. Arranha-céus dividem espaços com árvores tropicais e ao mesmo tempo que você ouve o chamado para as preces muçulmanas pelas caixas de som das torres de suas mesquitas, você pode sentir o cheiro de incensos sendo queimados em templos taoistas. Muçulmanas cobertas em véus andam lado a lado com mulheres indianas com suas roupas multicoloridas e o terceiro olho pintado em suas testas. Durante minhas viagens pelo país vi que essa variedade se estende por toda a Malásia.
Olhando de fora parecem todos viver em paz e harmonia e a cidade parecia exalar esse respeito mútuo, permitindo que cada um com sua crença tivesse seu espaço respeitado. Embora estejam todos na mesma panela, ainda tenho minhas dúvidas se ali dentro eles realmente se misturam e se amam como suas religiões os ensinam. Mesmo no Brasil, de maioria cristã, estamos o tempo todo julgando e sendo julgados. Cada um com sua convicção religiosa tentando impor suas crenças e dogmas e fazendo o papel de Deus julgando quem é bom ou mal, se será salvo ou não, se é certo ou errado. Imagine um lugar como a Malásia, em que a discordância religiosa é uma variante cultural milenar, cujos códigos e tradições os fazem diferentes um do outro no que comem, como se vestem, como (e com quantos) se casam, como lidam com o próximo. Será que esse convívio pacífico que eu vi era apenas uma conveniência social ou apenas uma impressão parcial, visto de fora?
Em cada lugar que eu visitei na Malásia eu tive a sorte de me hospedar com um povo culturalmente diferente. Em Kuala Lumpur com um malaio-chinês, com um canadense e com um americano, em Cameron Highlands com um malaio-indiano, em Penang com chineses e em Melacca, com um malaio-muçulmano. Claro, cada um com suas crenças, costumes, modo de vestir e de agir, mas o que cada vez mais me impressiona é como somos parecidos na essência. Qual a real diferença entre um chinês que acende seu incenso e de mãos juntas se curva para Lao Tsu, uma indiana reverenciando Shiva, um católico rezando o seu terço para Nossa Senhora, um muçulmano ajoelhando para Allah e um crente louvando a Jesus? Será que somos realmente superiores para julgar que estamos certos, que somos nós que seremos salvos e que o outro será condenado por não saber o que eu sei? Na Malásia muitos muçulmanos sentem pena por não ouvirmos a palavra de Allah da mesma forma que no Brasil muita gente se surpreende quando ficam sabendo que existe tanta gente na Terra que nunca ouviu falar de Jesus.
Viajando pela Malásia vimos várias faixas, placas e pedidos que diziam algo do tipo: “Orem pelo voo MH370”. No fundo, naquele país com todas suas religiões não importava para qual “entidade” as pessoas dirigiam seus pensamentos e preces. Ficava claro que somos todos os mesmos, quando com sinceridade, nos importamos pelos outros e com empatia sentimos zelo pelas pessoas naquele avião e desejamos que eles estejam todos bem, onde quer que estejam. Nessa hora não tenho dúvida, somos todos iguais, expressando cada qual da sua forma, o mesmo tipo de amor.
prezados amante do conhecer, o ser-humano caminha para chegar perto de DEUS quando há um despetar para conhecer o pai do amor, da paz, da tolerança, da misericódia e do perdão, fora desse caminho, a criatura não passa de criatura que retorna ao pó, e não vive a verdadeira felicidade como filho do criador altissímo.
Obrigado pelas suas palavras Severino! Volte sempre, um abraço!
Sinceramente acho que o “Deus” que tanto buscamos é o “Deus” que existe em cada um de nós. Principalmente em casos em que o sofrimento vem à tona. Buscamos em um “Deus” o que devemos ter nós e julgamos muito difícil. Achamos mais fácil colocar toda essa “responsabilidade” na ideia de um ser perfeito e superior à humanidade.
Concordo com você Laura! Buscamos lá fora quando deveríamos procurar dentro da gente… Um abraço!
Nunca saí do Brasil nem nunca me deparei de verdade com pessoas realmente de fé de outras religiões. Não as conheço o suficiente para falar qualquer coisa delas, mas conheço a minha. É natural que a pessoa defenda aquilo que conhece e acredita e acho que é por isso que existem tantos deuses. Aí em cima, você diz que há cada vez menos guerra e violência por causa de religião e cita como exemplo a Malásia. Se é mesmo assim como você diz, esse exemplo deveria realmente se espalhar pelo mundo. Mas infelizmente ainda há lugares em que há uma perseguição religiosa bastante violenta, principalmente contra cristãos. Nesse sentido, se torna bastante óbvio que o que move as pessoas quando agem assim não é o amor, portanto, nenhum dos deuses em que acreditam e me pergunto então o que é que pode ser. Será que existe uma resposta?
Oi Regina, bem vinda ao vagamundagem! É certo que quando as pessoas reagem com ódio e violência em nome da religião, isso não se chama amor. Mas não podemos dizer que não há amor em uma religião apenas porque uma minoria a interpreta com fanatismo e ódio. A mídia gosta muito de mostrar apenas a pior parte das religiões e principalmente do islã e a gente acaba não vendo que a maioria dos muçulmanos são pessoas boas que querem o bem dos próximos inclusive dos não-muçulmanos. Mas violência contra outras religiões sempre existiu e principalmente dentro do nosso cristianismo. Quantas pessoas já não foram assassinadas em nome de Jesus tanto pela igreja católica como pelos protestantes por exemplo?! É só ver na nossa história, temos muitos casos! Por favor volte e comente sempre!
Um abraço!
É muito complexo e extenso este tema “religião”, o importante é o respeito e principalmente seguir os preceitos certos do ensinamento de Deus. Aquele em que você acredita e que te impulsiona na vida. Seja Êle diferente para pessoas e religiões.
Gostei e concordo com as opiniões acima, principalmente a do Phil, muito bem colocado.
Malásia, que coincidência você estar aí neste momento misterioso e terrível da queda deste avião!!! Quem pode responder a sua pergunta?? Você, me responda por favor. Quem vai salvá-los??.
Eu acho que é uma pergunta que não pode e nem deve ser respondida e na verdade nem é uma questão tão importante. Cabe a cada um acreditar no que quiser, mas porque pensar tanto no que vem depois se a gente não aproveita a nossa vida aqui, agora? Isso sim é uma questão importante. O que estamos fazendo hoje? Se existe de fato um juiz lá em cima, seríamos salvo hoje? Sinceramente acho que o fim da matéria física não significa o fim de tudo o que somos, (afinal será que somos apenas matérias?) portanto não temos nem necessidade desse “salvamento”, muito menos de preocupar-nos com isso. Mas como você e todo mundo aí tem dito, o importante é o respeito.
Acredito que quando uma pessoa tem menos contato com outras religiões, é maior a chance de haver algum conflito. E conflito não necessariamente na forma de guerra ou de violência, mas também de olhar outras religiões com desdém, por exemplo, ou ver os seguidores destas outras de maneira inferior ou não dignos de serem salvos. E aqui no Brasil eu vejo um pouco disso, pelo fato de sermos o maior país católico do mundo, e o segundo lugar ser ocupado por religiões também cristãs. Pra uma pessoa que cresce nesse meio, cercado por referências de uma única religião, muitas acabam se perdendo nessa questão de “eu serei salvo porque aceitei tal visão, enquanto outro não será digno disso”. Para ficar num exemplo da nossa cultura, eu acho muito mais válido que se preste atenção em uma mensagem de amor e respeito ao próximo que é apresentada na figura de Jesus do que nos milagres místicos. Ao invés de tentar exaltar tais milagres, seria bem melhor se as pessoas exaltassem essa idéia de compreensão e respeito a todos, independente da espiritualidade de cada um.
Oi Phil, é por ai mesmo. Gostei do que você escreveu, concordo com você! Por favor, volte sempre aqui!
Abraços!
Nenhuma religião deveria ser considerada verdadeira e absoluta em detrimento de outras crenças. Essa é uma das grandes causas dos males da sociedade. Ódio, perseguição, julgamentos, conflitos, guerras, mortes em nome de quê? Para quê? Somos todos filhos da mesma criação, do mesmo amor. Mas o homem se perde em seus caminhos.. Como disse Lucas.. acabam usando etiquetas religiosas para se diferenciarem e se condenarem um aos outros…
Ótimo texto e belas fotos. Sempre viajo junto com suas palavras. Mas também, adoraria te encontrar um dia, para viajarmos juntos por aí.. Abraço.
Exatamente Juli!
É triste ver que a nossa história está cheia desses males; fruto da ignorância, da falta de respeito e de amor pelo próximo. Mas ao mesmo tempo se a gente compara os dias de hoje com antigamente, a gente percebe que nossa sociedade tem evoluído muito e estamos cada vez menos fazendo guerra e usando a violência com um livro sagrado em mãos. Querendo ou não, esse caldeirão de religiões que eu vi na Malásia é uma prova de que já não lutamos tanto por religião como antigamente.
O objetivo desse blog é esse também, fazer amizades e encontrar com gente que se identifica com o que eu escrevo, como você e quem sabe não viajarmos juntos!
Abraços!
Sim, o que você relatou aqui realmente nos faz enxergar positivamente esta questão. E fico feliz!
Bom, nos encontramos qualquer dia, em algum lugar dessa vida. Até! :)))
Essa sensação de Babel, onde quer que você a sinta, é muito significativa e uma das melhores coisas para sentir a sensação de estar saindo da zona de conforto e ampliando o horizonte que a gente consegue enxergar.
Esse teu questionamento a respeito das religiões tem um desdobramento no direito quando pensamos na justificativa última para os direitos humanos. Diz-se que todos temos dignidade humana, mas o que a fundamenta? Porque? Porque somos todos filhos de Deus?
Não tenho resposta pra nenhuma das perguntas e embora não acredite em um total relativismo, acredito na imprescindibilidade do respeito entre todas as religiões.
No mais, parabéns pelo texto e fotos, irado!
Olá Jéssica! A vida é cheia de mistérios como esse mas tenho certeza que o mundo seria bem mais agradável se todos tivessem esse respeito. Nunca pensei de forma “racional” numa justificativa para os direitos humanos. Eu achava que era óbvio, mas realmente, na verdade não é! Obrigado pelo comentário
Um abraço!
Com certeza temos um ser supremo, “Deus”, que nos deu a vida e mundo para falar de paz e propagar o amor entre os indivíduos.
Com isso falar de amor e respeitar sempre as diferenças deve ser a nossa conduta.
Oi Kátia!
Obrigado pelo comentário e seja bem vinda ao blog!
Um abraço!
Sinceramente, Gusti, acho que a verdade é grande demais pra caber em cabeça de gente. Porém, acredito que a “verdade” as vezes se “manifesta” através da gente, daí a gente acaba ouvindo as palavras mais sábias que já foram ditas, como mensagens de paz, amor, respeito, igualdade, etc. Não sou nenhum “expert” em outras religiões, mas acho que Buda falava de paz e simplicidade, Maomé em igualdade e justiça, Guru Nanak (Sikhismo) falava em integridade e proteção dos fracos e Jesus falava em amar até quem nos odeia, não julgar os outros e desejar ao próximo aquilo que a gente deseja pra nós mesmos. No final das contas, cabe a nós escolher entre ouvir o que a “Verdade” nos diz através dessa gente, ou simplesmente usar essas etiquetas religiosas pra nos diferenciar e nos condenar uns aos outros… no mais, ótimo post, Gusti, assunto muito profundo pra refletir!
Isso aí Lucas! GOostei do que você disse… Infelizmente essas etiquetas predominam e muita gente acaba esquecendo da essência…
Abraço!
Gustavo, sabe aqueles guias tipo “101 viagens para fazer antes de morrer”?
Eles deviam incluir uma “Viajar com o Gusti”.
Tenho certeza que preciso viajar com você algum dia.
Ehehe Lucas, bora viajar juntos!
É só vc se programar e vir junto, pq vc sabe, agora vivo na estrada! Viajar com uma enciclopédia ambulante como vc tb deve ser massa demais também! haha
Abração!