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A grandeza de se sentir pequeno: Dos EUA ao Chile pilotando um monomotor – 1ª Parte.

“Finalmente” partimos de Seattle rumo à nossa nova aventura pilotando um um avião monomotor até o sul do Chile. Finalmente está em aspas porque embora o atraso foi maior que o previsto (devido à documentação de exportação) nunca é tempo demais para estar no estado de Washignton e ao redor de Seattle. Eu já disse que esse é uma das minhas regiões favoritas no mundo? Bem, no verão é mesmo. Mas no inverno se você não está em uma das montanhas perto de Seattle esquiando e aproveitando as paisagens congelantes você vai conhecer uma Seattle um tanto cinza e nublada. A não ser que você tenha a sorte de estar lá nesse inverno de 2015! Os dias estavam tão bonitos e primaverais (com todas as cerejeiras espalhadas pela cidade antecipadamente repletas de flores) que realmente apesar da ansiedade de começar a jornada, não era tão ruim assim ficar por ali esperando.

View Columbia Tower, Seattle, WA

A cidade de Seattle, Puget Sound e a Space Needle

Decolamos com o céu absolutamente azul quase que hipnotizados por uma das imagens mais icônicas de Seattle: O majestoso vulcão Mt. Rainier que na maioria dos dias do inverno fica escondido entre as nuvens. Hoje ele está espetacular e a vontade de dar uma volta em seu cone é tentadora apesar de não termos muito tempo disponível e estarmos em plano de voo por instrumento, nesse tipo de voo temos que seguir à risca aos comandos dos controladores de voo. Mas estamos com sorte, somos desviados em sua direção antes de fazermos curva à Oeste e seguir a costa do Pacífico em direção à Oregon.

Mt. Rainier from the airplane, Cessna 172, skyhalk window

O vulcão Mt. Rainier da janela do nosso avião, bem perto e bem claro!

Oregon é um dos meus estados preferidos e esse voo sintetiza porque gosto tanto dele (no próximo post vou te contar qual o estado que você deveria viajar se você pudesse conhecer apenas um). Seguimos a linha da costa pela maior parte do tempo e a paisagem é dramática. Eu olho para baixo pela direita e vejo as ondas se chocando lá em baixo com as rochas negras gigantescas sobressaindo do mar. Algumas delas parecem pedaços da lua ou mesmo cometas que caem do espaço ao longo das praias e vez ou outra um farol de navegação parece ter sido alfinetado ali para criar um perfeito cartão postal; em movimento!

Logo em seguida olho para a esquerda e vejo uma cadeia de vulcões cobertos por geleiras. Não estamos tão alto, mas o dia está tão claro que podemos contar facilmente ao mesmo tempo 6 dos 18 vulcões presentes ao longo da cordilheira Cascades. Eles se sobressaem das montanhas cobertas nada menos do que pelas maiores árvores do mundo; as “Red Woods”. Embora a paisagem lá embaixo não tivesse um verde tão intenso como da última vez que voei essa perna, o conjunto ainda impressiona. Mas devo confessar, essas árvores que parecem tão pequenas aqui de cima, são mais impressionantes vistas lá do chão mesmo.

Já tive a oportunidade de fazer essa rota de carro algumas vezes (uma delas quando dirigi com meu irmão 5500 km de Miami à Seattle) e estar ali embaixo olhando para cima  e ver como são enormes aquelas árvores é uma sensação única. É como voar, porque você percebe o quanto somos pequenos e mais ainda como nossas preocupações são insignificantes. Te faz perceber o quanto as vezes perdemos tempo com pensamentos inúteis quando deveríamos estar apenas vivendo o instante presente e essa sensação se estende a todos os momentos da nossa vida, não somente quando estamos inseridos em paisagens deslumbrantes como essa. Essas experiências nos fazem perceber quantos detalhes passam despercebidos na correria do nosso dia-a-dia: um canto de um pássaro, uma flor, o sorriso de uma criança.

Curioso como eu sinto falta de me sentir pequeno para poder apreciar e dar valor à beleza das coisas que julgamos pequenas no dia-a-dia. Chega a ser contraditório, mas esses momentos são como combustíveis para viver em alegria os dias mais ordinários. Aqui de cima como acontece com frequência, eu fotografo a paisagem tentando ingenuamente captar aquela sensação para não esquecer nunca mais: Sou feliz porque vivo com intensidade aquele exato instante e da mesma forma posso ser tão feliz quanto quando estou presente com total atenção aos momentos que normalmente etiquetaríamos de insignificantes.

Approaching Crescent City airport in North of California right after Sun Set

Aproximando para pouso no aeroporto de Crescent City, no norte da Califórnia. Como é um aeroporto sem torre de controle, acendemos as luzes da pista apertando 5 vezes o intercom do microfone.

Passo o controle do avião para o Santiago para ele me mostrar uma aproximação por GPS. (Eu não tinha um quando pilotei até o Brasil) e para seguir o procedimento temos que sobrevoar o aeroporto e voar por quase 10 minutos com a proa para o oceano. Entre seguir o procedimento que o Santiago efetua e me obcecar pelo por do sol no oceano, o Don me cutuca, eu olho para trás e visivelmente preocupado ele pergunta: Onde vamos pousar? Embora ele não entenda o que explico sei que a minha risada o tranquiliza e logo depois giramos 180 graus, acendemos as luzes da pista com 5 toques no intercom e nos vemos aproximando dos rochedos no mar e da pista de pouso. Santiago pousa com delicadeza, o Don da um aperto no ombro dele e todos nós comunicamos em pensamento com um sorriso no rosto: Primeira parte: Concluída!

E você, o que te ajuda a ter apreciação por momentos que normalmente passam despercebidos? Deixe seus comentários!

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8 Comentários à A grandeza de se sentir pequeno: Dos EUA ao Chile pilotando um monomotor – 1ª Parte.

  1. diego 05/05/2015 at 20:31 #

    e ai cara, pelo que li no seu blog você já viajou por mais de 70 países, não é difícil viajar por um país sem saber o idioma local ?
    imagine eu que não sei nem o português direito fazendo isso 😀

    • Gusti 07/05/2015 at 12:09 #

      Fala Diego,

      Sim as vezes pode se um desafio, principalmente na China e em outros países da Ásia, mas se você souber o inglês, você viaja o mundo todo sem muitas dificuldades. Invista bastante no seu inglês se ainda não começou, vai fazer uma diferença enorme nas suas viagens e abrir muitas portas. Aconselho o app/site gratuito: Duolingo

  2. wilian oliveira junqueira 24/02/2015 at 22:00 #

    Parabéns, filho. Mais uma vez, dá exemplo de simplicidade e destemor. Nas alturas, realizando e compartilhando seus sonhos. Que seus caminhos sejam seguros e bem pavimentados, ainda que materializados em linhas imaginárias e meros riscos nos céus.

    • Gusti 28/02/2015 at 23:05 #

      Valeu pai! Fico feliz de te ver por aqui! Abração!

  3. Solange junqueira 24/02/2015 at 21:09 #

    Pôxa Gust,que maravilha de depoimento.Parece que estava escrevendo com a alma! Cada palavra, uma presença clara de uma pessoa feliz e realizada com sua escolha de vida. Parabéns!

    • Gusti 28/02/2015 at 23:06 #

      🙂 Beijão!

  4. Andrea Scarpelli 24/02/2015 at 21:08 #

    Sensacional, é uma experiência única, boa viagem, e vai com Deus. Bjs

    • Gusti 28/02/2015 at 23:06 #

      Obrigadoo! Beijos!

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