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A pedra nossa de cada dia nos dai hoje.

Formações rochosas vistas durante o voo de Prescot à Phoenix, no estado de Arizona
Ontem aqui nos EUA foi o dia do agradecimento, ou dia de Ação de Graças. É um feriado onde as famílias se reúnem para agradecer, originalmente para agradecer as colheitas da temporada verde que o inverno pouco a pouco vai desbotando. Mas como esse é um país livre cada um agradece o que quiser. Uns agradecem à Deus pela vida, outros à vida pelo Deus. Uns pelo peru assado na mesa e também pelo facebook nosso de cada dia. Se você não é agradecido pelo que tem (não somente no sentido de possuir fisicamente), aqui nos Estado Unidos se usa a expressão “take for granted” ou seja, você está “tomando por garantido” o que tem ou não esta dando o valor merecido. 
É lindo ver as pessoas agradecendo pela família reunida, pelo rango na mesa, pela saúde e pelas bênçãos. Eu também sou grato a tudo isso, mas depois de começar a viajar comecei a apreciar também os desafios e o acaso.  Quem viaja aprende que uma viagem quase nunca sai da forma planejada, sempre há um probleminha ou um detalhe que tira um passeio do rumo idealizado. E assim também parece ser com a vida. Muitas vezes a gente tenta escolher um caminho, mas os acasos acabam nos levando à outros rumos. Nos resta queixar e se frustrar por não viver a vida que gostaríamos. Será? 
É muito fácil dizer: “siga seus sonhos, seu coração”, tão típicos de livros de autoajuda. Quem me conhece sabe que sou fã desse clichê, mas na verdade o uso com moderação, porque eu tento ter a consciência de que o que eu considero ideal hoje pode não ser o ideal de amanhã, ou o que de fato vai acontecer um dia. É importante ter em mente que tão fabuloso como viver um sonho é estar no caminho para sua realização, de braços abertos para o inesperado. Porque o caminho quase nunca é suave, há muitas pedras, como diria Drumond. Mas são as pedras, os desafios que nos fazem mais fortes, nos trazem sabedoria e apreciação, nos levam à lugares e pessoas que podem fazer uma grande diferença na nossa vida.
No voo de Prescot à Phoenix, Arizona, um instrumento chamado “heading indicador” ou indicador de rumo(?) entrou em pane. Será que eu tinha o direito de me aborrecer por isso? Valeria a pena?  Achei melhor ser grato à oportunidade de poder melhor minhas habilidades como piloto voando por bússola apenas. Também ao leque de opções que esse simples defeito me traria. Provavelmente terei que ficar em algum lugar por um ou dois dias a mais que o planejado. Que lugares vou visitar? Que pessoas irei conhecer? Será que farei novas amizades? 
Um dia uma pessoa bem sábia disse: “Não existe um caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho”. Seu nome é Mahatma Gandhi e parace que ele também já aprendeu apreciar as pedras do caminho.

Um Comentário à A pedra nossa de cada dia nos dai hoje.

  1. thiagopopó 01/12/2011 at 17:58 #

    Você faz do obstáculo uma ferramenta de conhecimento, parabéns Gust!

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