Chegando para a aproximação em Belém do Pará tive que voar no meu primeiro corredor visual. (Corredor visual é uma rota de voo preestabelecida basicamente para pilotos que podem ver fora da janela e navegar pelo relevo por exemplo. Para voar dentro de nuvens é necessário seguir regras mais rígidas e obedecer com precisão aos controladores). Como nunca tinha voado em um corredor visual antes, (tão comuns no Brasil) deixei claro ao controlador de aproximação de Belém que eu não era familiar com a área. Ainda assim ele me pediu para relatar quando eu avistasse o “mercado ver-o-peso”. Como eu não sabia o que era, perguntei. Ele me disse que era uma feira e que eu deveria ver várias tendas juntas. E foi assim, pelo rádio do avião, que eu fui apresentado à maior feira ao ar livre da América Latina! Me senti um idiota, por não saber desse mercado, ainda mais quando cheguei para ver de perto. Quanta diversidade! Quanta brasilidade! Frutas de todas as cores, temperos de todos os cheiros, gente de todo tipo. Tudo isso emoldurado pelo art nouveau da belle époque. Soa chique né? Para quem não sabe, (eu também não sabia) Belém já foi considerada a “Paris n’América” na época da borracha e muitas de suas construções ainda mostram sua relevância naquele período. Como o próprio mercado, cujas construções de ferro foram importadas da Europa para seguir a tendência artística francesa, à mais de um século atrás.
Mercado Ver-O-Peso no fundo |
Do albergue onde me hospedei, Amazônia Hostel, fui conhecer alguns dos principais lugares da cidade a pé. Saí pela manhã, para evitar a chuva marcada diariamente para as tardes. Caminhei pela histórica estação das docas, onde vários passeios pelos rios e pela Amazônia eram oferecidos. Passei por várias fachadas lindas de casarões e igrejas do período colonial, pelo mercado e como tinha tanta coisa para ver ainda, quando a chuva chegou eu ainda estava caminhando. Ela chegou dramática logo após as nuvens negras e os trovões anunciarem sua vinda. Como o calor já era intenso era difícil saber se eu fiquei molhado de suor ou da água de chuva. Continuei minha caminhada pelas ruas históricas até chegar no Mangal das Garças. Fui explorando esse parque muito bem preservado com borboletário (o maior do Brasil?), várias espécies de aves, bichos e árvores enquanto esperava por um espetáculo marcado para o fim da tarde de uma plataforma elevada sobre o mangue: Um belo pôr do sol.
Vi seu comentário no artigo do Kanitz e resolvi conhecer o blog. Show demais. Além de grandes histórias, escreve muito bem. Acho que devia virar um livro! rsrs
Aproveito e envio a mensagem de Amyr klink, para ser usada no prefácio do livro! rsrsrs
“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.” Amyr Klink
Grande abraço e parabéns! A partir de agora viajamos juntos…
Olá Janjão, bem-vindo ao blog! É sempre bom saber que tem gente que gosta do que eu escrevo, ainda que o blog seja um treino para um possível livro! (Por que não?!)
Gosto muito dessa frase do Amyr Klink! Já até coloquei no fim de um post: http://www.gustywings.com/2012/07/cruzando-os-eua-numa-moto.html
Valeu!
( )’s
Gust, imagino a magia destes momentos um místico de água de chuva e de calor envolvidos nesta paisagem única!!!!
🙂