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Lidando com a expectativa de um lugar grandioso, como o Grand Canyon

Olhe para essa foto e responda: O que ela te transmite?

Eu em coma de uma pedra no Grand Canyon

O que muitas vezes fotos como essa não mostram são os bastidores de produção. As vezes você tem que esperar vários minutos para conseguir ficar num lugar sozinho e ter a paisagem livre de gente na foto. Você se sente na plateia de um show de rock, com todos obcecados olhando para o palco e uma grade separando a estrela da multidão. A estrela nesse caso é o Grand Canyon e a grade tem também uma função secundária: Evitar que a galera caia no precipício, claro.

Multidão tentando achar espaço para um fotografiaEsse post é o terceiro da jornada em que atravessei os EUA de carro com o meu irmão em Agosto de 2013. Para chegarmos ao Grand Canyon saímos de Albuquerque e passamos a noite em Flagstaff, a cidade que serve como ponto de apoio ao Grand Canyon, ou melhor, uma cidade-escape. Distante 1.5 hrs dessa maravilha do mundo, as pessoas cansadas de dirigir e de ver paisagens espetaculares e tirar fotos de perfil usando muitas vezes o método do “bração” como eu, Flagstaff, “no meio do deserto” te oferece uma opção fácil para você se sentir confortável de volta a civilização. Com vários bares, lojas, hotéis e restaurantes, as opções são várias e a cidade anima pela noite.

Mas a grande expectativa estava no dia seguinte. Depois de tantas horas na estrada reservaríamos uma manhã inteira para ver o Grand Canyon. Uma manhã inteira! Você sabe o que isso  significa? Significa uma coisa que você não deve fazer se visitar o Grand Canyon. Uma manhã dá sim para você chegar lá e tirar umas fotos bacanas, mas esse lugar merece um pouco mais do seu tempo e energia.

A última vez que estive aqui foi pilotando um monomotor sobrevoando o Rio Colorado e embora a paisagem que eu vi lá de cima talvez tenha a sido uma das mais espetaculares, eu lembro de ter pensado: “Quero voltar para poder pisar no chão, sentir a energia.” Talvez aquela vontade, aquela expectativa é igual a de tanta gente que viaja pensando em uma paisagem querendo experimentar a sensação que a fotografia gera, e quando finalmente chega lá, os sorrisos registrados na câmera fotográfica são apenas para a foto. No fundo muita gente sente uma pontinha de decepção. Veja bem, não quero tirar o mérito de lugares como o Grand Canyon, mesmo que você veja apenas de um ângulo, essas paisagens ainda têm o poder de mexer com você, que suspira e pensa, “aqui estou”, mas as vezes você não quer admitir que esperava mais.

Sobrevoando o Grand Canyon em 2011

Sobrevoando o Grand Canyon em 2011

Imagine se estivesse chovendo no Grand Canyon, na minha única manhã disponível. Eu teria meu direito de lamentar, mas se eu não criasse expectativas, descobriria que uma chuva no Grand Canyon seria um acontecimento extraordinário. Quantas fotos você já viu da chuva caindo nesse lugar? Tem duas coisas que eu faço que me ajudam a não criar altas expectativas. A primeira é imaginar o pior cenário possível para um lugar e me imaginar tirando proveito ainda assim. Se as pessoas soubessem o que passa na minha cabeça quando estou num avião viajando para algum lugar, elas pensariam que eu sou o pior dos pessimistas. Nunca espere muito, não crie expectativas. Nunca espere que a melhor parte da viagem virá de uma paisagem ou de alguma coisa que você leu numa revista ou um blog. As minhas melhores experiências quando eu viajo, são as pessoas que encontro por exemplo, mas ainda assim, não crie expectativas nas pessoas porque alguém disse que “pessoas são as maiores riquezas de uma viagem”. Esteja preparado para as surpresas e mantenha uma atitude positiva quando as coisas não saírem como planejado.

A outra coisa é a fotografia. Tirar fotos me ensinou a sempre olhar os lugares por ângulos diferentes e ver belezas que muita gente não percebe. Quando você muda sua perspectiva você enxerga muito mais do que pensava que era possível e isso serve para a vida também. Quando eu vejo uma fotografia bonita, por exemplo da Torre Eiffel, eu tento me imaginar na posição do fotógrafo e tento estender aquela imagem para o que o fotógrafo não mostrou, como de novo, a quantidade enorme de gente tentando se fotografar com a Torre Eiffel atrás.

Por mais decepcionante que um lugar pareça, nada compara com a experiência de estar ali, com os próprios pés, então minha outra solução para o problema é, invista mais tempo naquele lugar. Eu não fiquei mais do que uma manhã no Grand Canyon e me arrependi (bem, eu não tinha muitas alternativas porque eu estava pegando carona nas férias do meu irmão). Você não precisa ser um escalador para poder ver o Grand Canyon de outro ângulo. Você pode dirigir para o outro lado ou começar a caminhar pelos despenhadeiros. Tenho certeza que teriam menos turistas e a experiência seria mais grandiosa ainda. Mas convenhamos, você tem o direito de se cansar daquela paisagem e sabe o que está à 5 horas de viagem no estado vizinho? Las Vegas, baby! No próximo post dessa série, te conto como, pela primeira vez, apostei dinheiro em um cassino e saí com 2500% de lucro!

E você, já foi para algum lugar cheio de expectativas e não viu o que esperava?

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7 Comentários à Lidando com a expectativa de um lugar grandioso, como o Grand Canyon

  1. Ulisses Gabry 19/02/2014 at 10:32 #

    Algumas paisagens nos tiram o fôlego… Esse está na minha lista…

    • Gusti 19/02/2014 at 15:07 #

      Só não se decepcione com a quantidade de gente Ulisses!

  2. Lucas 18/02/2014 at 00:28 #

    Acho que é vivendo (ou melhor, viajando!) e aprendendo que a gente descobre formas de evitar decepções. Por ter viajado até hoje praticamente só acompanhado, me dei conta de que meu prazer não vem do lugar, mas da companhia. Manhattan por exemplo, é um lugar que adoro mas que tem sido um pesadelo por causa de gente negativa e, graças a boa companhia, já foi um sonho (eu poderia andar durante horas e horas com Patinha por aquelas ruas sem ver o tempo passar!). Acredito que mesmo se tudo der errado, gente positiva acaba dando risadas dos problemas, enquanto gente negativa, mesmo se tudo estiver perfeito, acaba inventando problemas… Enfim, muito bom post, Gusti! Ótimo pra refletir!

    • Gusti 18/02/2014 at 15:03 #

      Falou tudo Lucas! Valeu, abraços!

      • SOLANGE 19/02/2014 at 12:53 #

        Pôxa Gust, esta viagem fantástica com seu irmão, william junio, parece que foi ontem não é? Uma das grandes inspirações que o fez despertar para novas aventuras, novas perspectivas de vida.. Mais uma vez você brilhando, junto com o Grand canyon. BJOS

        • SOLANGE 19/02/2014 at 12:55 #

          MARAVILHA!!

        • Gusti 19/02/2014 at 15:08 #

          É verdade, passou muito rápido e ainda tem muito chão pela frente para ser contado, hehe

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