Foram seis horas de voo que exigiram desse piloto tão inexperiente quatro vezes esse tempo para planejamento, cálculos, paciência e muita espera por melhores condições meteorológicas. A primeira parte não foi, digamos, muito cênica. A visibilidade estava bem reduzida devido a várias queimadas e como as nuvens não davam espaço em uma região montanhosa que eu estava prestes a voar, parti para um plano B em pleno voo, que me levaria a várias milhas mais distante do meu destino. Pelo menos seria mais seguro e teria uma excelente oportunidade de treinar a coordenação com minha equipe de voo, de todos os detalhes que envolviam aquela mudança de rota, como novo cálculo de navegação, combustível, possíveis aeroportos para pouso, etc. Mas como dessa vez toda a tripulação do N55473 se resumia somente a mim e a mim mesmo, estive um tanto ocupado nesse voo. Mas também nem tanto, depois de resolver tudo isso ainda tive tempo suficiente para tirar algumas fotos, fazer algumas ligações e pousar com combustível de sobra no aeroporto regional da pequena cidade de Roseburg, em Oregon.
No dia seguinte, acordei cedo para checar o tempo e como as nuvens estavam muito baixas, aproveitei para dormir mais umas horinhas, ainda assim, só me senti seguro para decolar a uma da tarde, depois de checar todas as fontes meteorológicas. Inclusive um piloto que acabava de pousar, que seguindo sua recomendação, voei através do buraco de nuvens para chegar a 9500 pês. Que subida espetacular! No horizonte, acima da camada de nuvens, picos de montanhas e vulcões surgiam como ilhas, no céu. Entre as nuvens lá embaixo eu seguia a estrada, sempre que possível, para me manter em navegação visual além de navegar por instrumentos. Me aproximando de Reno, estive voando (com bastante turbulência) por um grande deserto que me surpreendeu quando vi uma espécie de gigantesco cemitério de veículos. Eu tive a impressão de serem centenas de tanques de guerra, mas vou verificar as fotos depois para confirmar.
Já em contato com os controladores de aproximação do aeroporto internacional de Reno, eles me asseguraram que eu não entraria no espaço aéreo restrito da corrida aérea. E durante o pouso, mais uma vez um intenso vento cruzado me desafiaria, já que a pista que favorecia o vento estava fechada para o estacionamento dos aviões que chegavam para o evento. Mas o pouso foi um sucesso, ainda com a ausência do freio direito. (Fazendo o checklist para táxi em Rosemburg, perdi o freio direito, mas não me preocupei porque sabia que a pista em Reno era gigantesca). Milhares de “pés” de pista restavam na minha frente quando virei a direita para o táxi.
Tá doido!!! Já ta voando sem freio, Daqui a pouco ta voando sem asa!!